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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Quanto tempo a gente leva para aceitar e admitir que acabou?

Desacreditamos quando vemos, pasmamos quando nos deparamos, fingimos de cegos e continuamos.
Só que a decepção vem cada vez mais forte quando vemos que a pessoa não é capaz de um terço do que você é por ela. Mas insistimos, achamos que vai mudar, que vai acontecer um milagre, que tudo vai ficar perfeito do nada... Até que se chega ao limite e dali não tem como avançar mais, não tem mais chão, estrada por mais precária que seja, não da mais pra seguir, é nessa hora que alma geme e chora a dor de não conseguir, fracassar, perder, não ser capaz. É uma dor que a gente tenta evitar sentir e mesmo já sabendo que a pessoa não está mais, ainda queremos manter a presença, a mentira!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

" ... Os lábios se buscam, os corpos encontram espaços, mas quando duas pessoas olham em direções diferentes, simplesmente não podem caminhar juntas. É duro, mas é a verdade. Sabendo que caminho quer trilhar, relaxe! A pessoa certa já o anda trilhando. Como reconhecê-la? Vocês estarão rindo. Rindo-se. "

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

"Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está eu?
Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim - enfim, mas que medo - de mim mesma."
Clarice Lispector

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Se eu posso te dar um conselho, eis aqui: Não mendigue atenção de quem quer que seja. Não se esforce para compartilhar minutos com quem está mais interessado em coisas que não te incluem. Não prolongue a conversa apenas para ter o outro por perto, quando você perceber que precisa se esforçar bastante para que o monólogo vire um diálogo. Esqueça. Prefira a sua solidão genuína à pseudo presença de qualquer pessoa. Ainda digo mais: Perceba que existem pessoas que curtem dividir a atenção contigo sem que você precise desprender esforço algum. Aproveite o que te dão de livre e espontânea vontade. Dispense o que te dão por força do hábito ou por conveniência. Esqueça o que não querem te dar. Cada um dá o que pode
Mario Calfat

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Eu prefiro passar despercebida do que tentar ostentar algo que não sou, e ainda ser bombardeada por uma energia negativa que é a inveja de quem só se preocupa em cuidar da vida do outro.
Flor do Dia - Flower of the Day - 30/10/2014
“Às vezes você precisa ficar recolhido. Quando está em um processo de cura, fazendo algum estudo sobre si mesmo, precisando preservar o campo de prece, e sabendo que se for para o mundo poderá se identificar e cair, se permita ficar sozinho. Mas, saiba que em algum momento você terá que voltar para o mundo. Em algum momento você precisará se relacionar. A chave para essa questão é se você está disposto a se doar, se está querendo ver o outro feliz; se já está em condições de iniciar um estudo mais elevado, que é ser canal da generosidade; que é partilhar do seu silêncio e do seu amor com os outros (mesmo que eles não saibam disso).”
“Sometimes one needs to withdraw. When we are going through a healing process and doing a self-study, we need to sustain a prayer field. If we go out into the world, we may get identified and fall, so we must allow ourselves to be alone for some time. At some point, we must also go back out into the world and relate to others. The key here is being prepared to give of ourselves and wanting others to be happy. The question is whether or not we are able to embark on a higher level of study by being a channel of generosity, sharing our silence and love with others – even if they don’t know it.”

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Mara Nibra
De vez em quando acordo meio Maysa... um gosto de sal na boca, e a cabeça barulhenta. Nesses dias não consigo chover, não consigo acalmar minhas águas revoltas. E eu precisava tanto... Mas entro pela contramão, ajo com a impetuosidade das marés, vou e volto, incansáveis vezes. No fundo, só o que eu queria era a calmaria das marolas e o corpo flutuando na superfície do mar. Água fresca e corrente, sem formar hábitos, sem me acostumar a nada... Porque ando cansada desse recolhimento... e a Maysa eu queria só no som da sala, musicando o ar enquanto eu enfeitaria o cabelo e sairia por aí. - Solange Maia

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Encerrando Ciclos...

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação?
Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país?
A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração - e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.
"algumas coisas se vão para q outras melhores possam vir!

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

"A criança, interiorizando a Lei, identifica-se com o pai e faz dele seu modelo. A Lei torna-se então libertadora: pois, separada da mãe, dispõe de si mesma, toma consciência do que se deve fazer e se orienta em direção ao futuro. Insere-se no social, na Cultura e entra na linguagem".
Jacques Lacan

terça-feira, 14 de outubro de 2014

"Transformai meus rivais em companheiros, meus companheiros em amigos e meus amigos em entes queridos. Não me deixes ser um cordeiro perante os fortes e nem um leão diante dos fracos. Dai-me o sabor de saber perdoar e afastai de mim o desejo de vingança. Senhor, iluminai meus olhos, para que eu veja os defeitos de minha alma e não os defeitos alheios. Senhor, levai de mim a tristeza e não a entregueis a mais ninguém. Enchei meu coração com a divina fé, para sempre louvar o Vosso nome e arrancai de mim o orgulho e a presunção. Fazei de mim uma pessoa justa".
"Senhor ensina-nos a orar sem esquecer o trabalho; a dar sem olhar a quem; a servir sem perguntar até quando; a sofrer sem mágoas; a progredir sem perder a simplicidade; a semear o bem sem pensar nos resultados; a desculpar sem condições; a marchar pela frente sem contar os obstáculos; a ver sem malícia; a escutar sem corromper os assuntos; a falar sem ferir; a compreender o próximo sem exigir entendimento; a respeitar os semelhantes sem reclamar considerações; a dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever, sem cobrar taxas de reconhecimento. Senhor, fortalece em nós a paciência para com as dificuldades dos outros, assim como precisamos dos outros para as nossas dificuldades. Socorrei-nos em nossas angústias, mas, se por Tua vontade, não puderem ser poupadas; fazei com que compreendamos que são necessárias para o nosso crescimento. Ajudai-nos a reconhecer que a nossa felicidade será invariavelmente aquela de cumprir-Te os desígnios, onde e como queiras, hoje, agora e para sempre. Amém".

terça-feira, 7 de outubro de 2014

"A rejeição não é a ausência de amor,mas a diferença entre o amor que esperamos e o que obtemos."
-desconhecido

quarta-feira, 1 de outubro de 2014


"Que todo mundo tenha um amor quentinho. Descanso pro complicado do mundo. Surpresa pra rotina dos dias. A quem esperar. De quem sentir saudades. Um nome entre todos. O verso mais bonito. A música que não se esquece. O par pra toda dança. Por quem acordar. Com quem sonhar antes de dormir. Uma mão pra segurar, um ombro pra deitar, um abraço pra morar. Um tema pra toda história. Uma certeza pra toda dúvida. Janela acesa em noite escura. Cais onde aportar. Bonança, depois da tempestade. Uma vida costurar na sua, com o fio compriiiiido do tempo."

(Briza Mulatinho)

terça-feira, 9 de setembro de 2014

É assim...
6 de maio de 2011 às 15:18

"Chorar não resolve, falar pouco é uma virtude, aprender a se colocar em primeiro lugar não é egoísmo, e o que não mata com certeza fortalece.



Às vezes mudar é preciso, nem tudo vai ser como você quer, a vida continua.



Pra qualquer escolha se segue alguma conseqüência, vontades efêmeras não valem a pena, quem faz uma vez não faz duas ...necessariamente, mas quem faz dez, com certeza faz onze.



Perdoar é nobre, esquecer é quase impossível.



Nem todo mundo é tão legal assim, e de perto ninguém é normal.



Quem te merece não te faz chorar, quem gosta cuida, o que está no passado tem motivos para não fazer parte do seu presente, não é preciso perder pra aprender a dar valor e os amigos ainda se contam nos dedos.



Aos poucos você percebe o que vale a pena, o que se deve guardar pro resto da vida, e o que nunca deveria ter entrado nela.



Não tem como esconder a verdade, nem tem como enterrar o passado, o tempo sempre vai ser o melhor remédio, mas seus resultados nem sempre são imediatos."



Desconhecido

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Porque um dia estaremos mais perto uns dos outros
Um dia estaremos mais perto uns dos outros. Não importa quando e nem como. Mas nós seremos mais próximos do que somos hoje.

Nesse dia, estaremos para além de qualquer classificação superficial. Seremos mais que certos ou errados, pobres ou ricos, brancos ou pretos ou vermelhos e amarelos, homens ou mulheres, novos ou velhos. Mais que tudo isso, seremos simples pessoas mais próximas.

Ainda que distantes na geografia, guardaremos em nós a lembrança ou o desejo do encontro. E o encontro nada mais será que um pedido assentido e sincero de compreensão. Encontrar será a prática simples de pensar em alguém e querer nada senão compreendê-lo e aceitá-lo.

Viveremos perto o suficiente para nos vermos, nos ouvirmos e nos sentirmos ali. Próximos o bastante para dividir nossas alegrias e nossas dores, para seguir os caminhos de cada um sem nos perder de vista. Íntimos a ponto até de nos afastarmos quando preciso, em respeito à nossa necessidade humana da solidão que de quando em vez nos empurra para o claustro.

Entre tantas respostas e ponderações absolutas e julgamentos e certezas tão comuns desse mundo, estaremos juntos para nos fazer perguntas sem esperar respostas. Apenas nos perguntaremos coisas à toa, pelo puro e simples exercício de falar e ouvir. Mais ouvir do que falar.

Veja também

Sobre aquelas coisas que a gente sabe mas faz questão de esquecer
Em longas conversas de manhã, sentados no sol de um banco de praça, nossos livros sobre o colo esperando atenção, relembraremos sem saudade os tempos frios em que nos tornamos duros estranhos. Riremos juntos de nossos ódios superados, nossas pendengas ridículas e desconfianças daninhas. E de tão boas, nossas conversas se estenderão sem pressa e sem culpa pela tarde e pela noite, até o mundo amanhecer de novo em cada dia seguinte.
Até lá, as histórias de uma gente que aprendeu a viver separada demais, uns contra os outros, fazendo do conjunto da vida uma imensa guerra campal, gritalhona e infértil serão nada além de velhas narrativas de barbárie e estupidez. Peças de um museu inexistente. Sombras de uma guerra em que os vencedores celebravam sua superioridade sem se dar conta de que, no fim do jogo, todas as peças sempre voltam para a caixa.

Então, façamos um trato. De hoje em diante, teremos um longo caminho rumo ao encontro. Assim, passo a passo, pisaremos novas ruas, tomaremos rumos desconhecidos e aprenderemos a compreender o óbvio: tudo o que nos acontece hoje são sinais de alerta. Alguém está a nos advertir que devíamos passar mais tempo juntos, ficar mais perto uns dos outros, tomar sol, apanhar vento, esperar a lua que se esconde por trás das nuvens.

Em todos os sentidos, de todas as formas, você e eu e todos nós seremos uma só vizinhança afetiva, moradores de um só quarteirão amoroso. Perto ou longe, não importa, seremos simples pessoas mais próximas, afeitas e dispostas a fazer da vida um longo e sincero gesto de amor ao outro.

É que um dia, se Deus quiser, estaremos mais perto uns dos outros.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Devemos amar a todos, mas nem todos farão parte de nós. Alguns se vão e nem notamos. Outros contudo deixam um vazio enorme. Tem gente que passou na minha vida e não deixou nem lembrança, outros ajudaram a me tornar quem sou.

— Helena Tannure

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Quando a dor for muito grande, lute consigo mesmo e busque forças escondidas no íntimo do ser. Encontre na alma uma reserva de esperança... Nem que seja a última gota. E acredite! Não há dor que não possas suportar. E se neste momento o seu caminho é o deserto , deve ser por que é a única passagem de luz para encontrar o oásis dos seus sonhos, as respostas de suas perguntas, os anseios do seu coração. São nos desertos da vida que a gente busca forças e resgata a coragem que julgávamos não mais possuir. É durante a travessia que DEUS nos capacita, nos fortalece o espírito, vivifica a nossa alma e encontramos paz. Embora sejam poucos dispostos a enfrentar o seu deserto, curar suas feridas e alcançar a salvação dos seus dias, são esses, enfim, que conquistam a terra prometida. -

NiL Almeida
Crianças ... nós somos a vida toda.
O que muda são os preços dos brinquedos.
Joao Eymard Duarte Feitosa

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Tenho minha essência, que é o que sou de verdade. É algo bem maior, que as poucas exteriorizações em forma de palavras ou de gestos. O que é observado pelos demais, trata-se de uma pequena parte do meu eu.

(Artur Livônio)
A felicidade é uma mulher pequenina que dorme no quarto ao lado

O amor vai chegar assim, de manso, mas com o passo forte e a potência de um jato varrendo a craca dos rancores, a sujeira grossa dos maus pensamentos, a gordura acumulada das chateações diárias, da burrice, da inveja, da grosseria. Virá com a força mesma da vida, desobstruindo os canais da memória entupidos de morte. Virá alegre como o cão que reencontra o dono depois da eternidade de um dia inteiro sozinho em casa, à espera.

E então as preocupações ordinárias e mesquinhas farão as malas e deixarão os corações livres para viver em absoluto estado de ocupação plena pelas intenções e ações de um amor generoso, diário e vital.

Esse amor que acorda cedo e faz ginástica, que parece tão mais jovem do que de fato é, esse amor vai pintar as paredes da casa, mudar a posição dos móveis, vai matar a sede e a fome que restam, soltar os passarinhos de suas gaiolas ridículas, vai cuidar da horta no quintal e presentear os vizinhos com as verduras frescas. Esse amor vai florescer e perdurar e se esparramar pelas redondezas. Vai levar ao passeio diário os cachorros que vivem dentro de cada um de nós. Esse amor vai invadir em paz a nossa vida tão talhada para a guerra.

E quando as forças armadas de um coração já machucado se levantarem em defesa natural de sua estrutura, em puro e simples movimento de autopreservação, o amor estenderá sua mão pequena e linda, de unhas roídas e sem nenhum esmalte, e todas as armas cairão em silêncio. Então esse coração abrirá suas fronteiras à chegada irrefreável do encantamento amoroso e total, explosão de energia que nos leva ao encontro de quem somos, nos resgata da morte e nos devolve, sãos e salvos, à vida que é hoje, amanhã e depois um longo e eterno agora.
Ilustração: Elena Romanova

Manifesto pela ocupação amorosa dos corações vazios

E de agora em diante, fica estabelecido que todos os corações vazios, mal amados, partidos, abandonados ou tão somente subutilizados serão pacífica e amorosamente invadidos e ocupados pelo amor em todas as suas formas.

Sem paus e pedras e enxadas, mas com flores e música e presentes e simples declarações de apreço e cuidado, o amor tomará posse irrevogável de todo e qualquer coração devoluto. Banqueiros e bancários, construtores e operários, empresários, professores, artistas de rua, profissionais de toda sorte, adultos e crianças e velhinhos, todas as almas solitárias deste mundo! Preparem-se para ceder sem luta à chegada implacável do amor às terras férteis de seus corações.

Abram seus portões, escancarem as portas, liberem as janelas, prendam os cachorros e preparem a casa à visita permanente do amor operário, trabalhador, corajoso e simples. Ele vai chegar sem slogans ou passeatas, sem discursos, gritos de guerra ou enfrentamentos com a polícia. Vai surgir na hora mais silenciosa da noite, deitar ao seu lado e acordar com você na hora de ir ao trabalho, como se ali estivesse desde sempre.



Damian Klaczkiewicz

terça-feira, 29 de julho de 2014


Rimance

Onde é que dói na minha vida,
para que eu me sinta tão mal?
quem foi que me deixou ferida
de ferimento tão mortal?

Eu parei diante da paisagem:
e levava uma flor na mão.
Eu parei diante da paisagem
procurando um nome de imagem
para dar à minha canção.

Nunca existiu sonho tão puro
como o da minha timidez.
Nunca existiu sonho tão puro,
nem também destino tão duro
como o que para mim se fez.

Estou caída num vale aberto,
entre serras que não têm fim.
Estou caída num vale aberto:
nunca ninguém passará perto,
nem terá notícias de mim.

Eu sinto que não tarda a morte,
e só há por mim esta flor;
eu sinto que não tarda a morte
e não sei como é que suporte
tanta solidão sem pavor.

E sofro mais ouvindo um rio
que ao longe canta pelo chão,
que deve ser límpido e frio,
mas sem dó nem recordação,
como a voz cujo murmúrio
morrerá com o meu coração...

Cecília Meireles, in 'Viagem'

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Já cheguei a pensar que sabia demais... que sabia muito
Que tinha o controle da situação, que poderia planejar
o futuro, visualizar tal qual seria minha vida, fazer
projeção futura.
Ter estratégias, planos A, B, C e por aí vai...
Tudo em vão!
Não é possível prever, controlar, manter.
Só é possível VIVER!
À luz do inesperado, acaso, escuro ou claro...
VIVER E NADA MAIS!

sexta-feira, 13 de junho de 2014

DIZ MUITO...

A pipoca

Rubem Alves


A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou mais competente com as palavras do que com as panelas.

Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o nome de "culinária literária". Já escrevi sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nobis, picadinho de carne com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos.

Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico a uma meditação sobre o filme A Festa de Babette que é uma celebração da comida como ritual de feitiçaria. Sabedor das minhas limitações e competências, nunca escrevi como chef. Escrevi como filósofo, poeta, psicanalista e teólogo — porque a culinária estimula todas essas funções do pensamento.

As comidas, para mim, são entidades oníricas.

Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu.

A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brincadeira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversando com uma paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas idéias começaram a estourar como pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de forma inesperada e imprevisível.

A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma panela. Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido religioso? Pois tem.

Para os cristãos, religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não é vida...). Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir juntas.

Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do Candomblé baiano: que a pipoca é a comida sagrada do Candomblé...

A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido.

Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a idéia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos.

Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais poderia ter imaginado.

Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!

E o que é que isso tem a ver com o Candomblé? É que a transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa — voltar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.

Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.

Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.

Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão — sofrimentos cujas causas ignoramos.Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.

Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: PUF!! — e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.

Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro.

"Morre e transforma-te!" — dizia Goethe.

Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas, descobri que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.

Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp, especializou-se em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações científicas não valem.

Por exemplo: em Minas "piruá" é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar. Minha prima, passada dos quarenta, lamentava: "Fiquei piruá!" Mas acho que o poder metafórico dos piruás é maior.

Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.

Ignoram o dito de Jesus: "Quem preservar a sua vida perdê-la-á".A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo a panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.

Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira...

"Nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu".


O texto acima foi extraído do jornal "Correio Popular", de Campinas (SP), onde o escritor mantém coluna bissemanal.

Rubem Alves

quarta-feira, 21 de maio de 2014


Já li alguns livros... Mas meu contato com a verdadeira sabedoria foi através de minha mãe e de meu pai. Todos os dias me recordo de algumas frases, entre tantas que ouvi!
Que Hoje... Somente Hoje, se encaixam tão bem!

Hei Hei minha filha... Todo mundo quer ser bom, e a "lua" falta uma banda. Mãe

Quem tem com que me pague, não me deve nada! Pai

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Vida Pela Música
Olá meu velho amigo
Há não muito tempo atrás isso iria té o fim
Nós brincamos lá fora no cair da chuva
No nosso caminho sobre a estrada nós começamos tudo de novo
Você está vivendo sonhos no topo
Minha mente está doendo, oh senhor isso não vai parar
Isso é o que acontece quando se vive pela música
Em cima e em baixo da estrada nos nossos sapatos desgastados
Falando sobre coisas boas e cantando blues
Você seguiu o seu caminho e eu fiquei para trás
Nós dois sabiamos que era apenas uma questão de tempo
Você está vivendo sonhos no topo
Minha mente está doendo, oh senhor isso não vai parar
Isso é o que acontece quando se vive pela música
Não gaste o tempo permitido hoje
Trazendo de volta o passado, não é o caminho mais fácil
Tempos passaram entre nós, um meio para o fim
Deus, é tão bom estar aqui andando junto com meu amigo
Vivendo nossos sonhos
Minha mente parou de doer
Isso é o que acontece quando se vive pela música
Stevie Ray Vaughan

sexta-feira, 28 de março de 2014


O ALGOZ MAIS COVARDE E SORRATEIRO, QUE AGE VELADAMENTE NO "ACONCHEGO" DO QUE DEVERIA SER LAR! ESSE É O PIOR E MAIS DIGNO DE PENA! SOMENTE PENA! O FOGO? ESSE VAI QUEIMANDO DURANTE UMA VIDA INTEIRA, ARDENDO SEM CONSUMIR POR COMPLETO... NEM É PRECISO ATEAR!
PARA QUEM SOFREU O ABUSO, UM SENTIMENTO DE INVASÃO PERMANENTE E DÚVIDA CONSTANTE! SÓ DEUS PARA DAR O CONFORTO E ENSINAR O PERDÃO!

quarta-feira, 19 de março de 2014

Você Não Poderia Surgir Agora
Roberta Sá

Eu tava aqui na minha e você foi aparecer
Derramando estrelas sobre a minha solidão
Eu sei, eu não queria nem de longe conhecer
Alguém pra iludir de novo o meu coração

Você não poderia surgir agora
Você nem deveria me olhar assim
Alguma coisa diz que é pra eu ir embora
E outra diz que eu quero você pra mim

Eu tava aqui pensando em tudo mais menos você
E achei tão engraçado ter prestado atenção
Na sua distraída intenção de me entender
Como se já soubesse a chave da minha prisão

Mas eu não poderia fugir agora
Você nem deveria tentar assim
Alguma coisa diz que é pra eu ir embora
E outra diz que eu quero você pra mim

Nem sei se eu quero pensar mais nada. Nada.
Tudo que eu tinha larguei pelo chão de uma outra estrada

segunda-feira, 17 de março de 2014

Presente Passado
Isabella Taviani

Ai essa saudade no meu peito
Esse vazio de você
Ai esse meu jeito meio feio
De não saber lhe perder

Você se foi sem dizer
Onde podia encontrar
Uma razão viver
Você podia me deixar
Mas o tempo passou e essa dor não cessou

Há descaminhos em meus passos
Uma sombra que abraço
Um presente passado
Uma vontade tamanha de não ter mais vontade
Não admiro os covardes mas agora é tarde

Ai o tempo frio que me esquenta
A boca seca que me tenta
Ai o véu da noite que alumia
É meia noite em meio dia

Você se foi sem deixar
A chance de se ver voltar
Uma razão pra esquecer
É o que ficou em seu lugar
Mas o tempo passou e essa dor não cessou

Há descaminhos em meus passos
Uma sombra que abraço
Um presente passado
Uma vontade tamanha de não ter mais vontade
Não admiro os covardes mas agora

Há descaminhos em meus passos
Uma sombra que abraço
Um presente passado
Uma vontade tamanha de não ter mais vontade
Não admiro os covardes mas agora...
É tarde
Costume é que mata!
Já dizia minha mãe!

terça-feira, 11 de março de 2014

Se um dia
Meu coração for consultado
Para saber se andou errado
Será difícil negar
Meu coração
Tem mania de amor
Amor não é fácil de achar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou
Só um amor pode apagar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou
Só um amor pode apagar...
Eu queria ver o mar, com toda a sua imensidão!
Porém, a tranquilidade à beira de um riacho, cercado por árvores
e uma brisa de paz, me encantou muito mais!
Onde está o amor?

No GOOGLE, existem mais de 200 milhões de resultados para essa busca.
E mesmo assim, há um grande vazio em todos nós. Será que hoje, o amor é mais virtual do que real?
Se pararmos para pensar, estamos cada vez mais conectados, interligados, juntos all the time, full time, online. Mas, sempre falta aquele algo a mais.
Talvez seja o frio na barriga. O toque, o beijo, o cheiro. Talvez seja o coração acelerado. Ou aquela sensação de sair de órbita.

Onde está o amor? Na sua Timeline ou num pedido de casamento?
No seu status ou num jantar à luz de velas? Em SMS ou gestos de carinho e atenção.
Em alguém que curtiu a sua foto ou em quem lhe entregou um presente?

Queremos sempre um amor de cinema.
Mas, não qualquer amor. E sim, aquele que nada pode impedir um final feliz.
Nem mesmo uma internet lenta ou uma conexão perdida.

Na atualização frenética das redes sociais esse amor parece possível.
Todos estão sempre atualizando seus sentimentos, suas alegrias e suas paixões. Mas nunca seus dissabores.
Porém, assim como nós, pessoas reais, também sentem um grande vazio.
Uma saudade que não se resolve com uma nova mensagem do facebook.

Será que não está na hora de bloquearmos esse tipo de amor virtual?
E persistir num amor que seja verdadeiro, off-line e real?
Um amor com privacidade, sem que outros comentem ou compartilhem?

O mundo virtual está cada vez mais sufocante. Precisamos respirar, tomar um fôlego. Desconectar. Experimentar
Um bip de whatsapp não deveria provocar mais emoção que um beijo.
Não dá para se declarar ao pé do ouvido com apenas 140 caracteres.
Precisamos seguir com o que nos faz feliz, não com o que nos torna vazios e solitários.
Por enquanto, o que sabemos é que o amor só existe quando está conectado e compartilhado.
Então, Onde está o amor? Deivison Pedroza

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Ô tempo duro no ambiente, ô tempo escuro na memória, o tempo é quente

E o dragão é voraz....
Vamos embora de repente, vamos embora sem demora,
Vamos pra frente que pra trás não dá mais
Tem coisas que o tempo não apaga!
Bons momentos vividos, emoções sentidas.
Nada apaga da lembrança aqueles dias de domingos preguiçosos e em paz, na rede.
O café da manhã, as sextas, os sábados...
Ficam, e ficam para sempre bem guardados os cheiros, a música, a roupa!
Para sempre!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Buscando os meus
Vento a soprar
Quero as águas verdes
E quero enfim
Ser maior do que esse mar
Que avança sobre mim
Geraldo Azevedo