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sábado, 19 de dezembro de 2015

É impossível querer lutar contra as injustiças do mundo, do país, da cidade. Até mesmo o que acontece ao nosso redor...Não existe arma contra isso, nem argumentos. Nada há o que se fazer para mudar isso. A humanidade está doente, ensimesmada!

sábado, 29 de agosto de 2015

Gostaria de saber...

Onde está meu carnaval?

Alguém viu as cores, a música, a fantasia, o brilho?

E a bateria que tocava dentro da alma onde foi parar?

Está tudo escuro na avenida, não tem holofote, serpentina, nem suspiros de emoção!

Cadê? Para onde foi meu carnaval?

Poderia ele está em algum lugar estancado, desclassificado por algum jurado injusto?

Será que ainda hei de ver essa avenida iluminada e repleta de cores?

domingo, 12 de julho de 2015

Meu eu mais egoísta adora perceber em alguém alguma semelhança comigo... Assim não me sinto tão só nesse mundo de contrários!
Hoje me lembrei da época em que o batom era mais vermelho e duradouro (24 horas), o chocolate não era somente uma bola de açúcar, a roda gigante era imensa, tudo era mágico! Os bailinhos na escola, as festinhas em casa de amigos, o quintal da minha casa, o banho de chuva, o pão com manteiga e cafezinho que nem sonhava em ser gourmet, Sandra minha melhor amiga, o pé de seriguela que era o meu esconderijo preferido! Ah que tempo bom... A Coca-Cola tinha mais gás e eu também! Agora tenho preguiça, cansei de vislumbrar este cenário cinza e institucionalizado... Onde no São João se dança funk!
Aí eu pergunto:

Onde será que travou a engrenagem?

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Mãe, senta aqui, me ouve um pouco
RUTH MANUS
06 Maio 2015 | 10:12
Tá na hora de você dar uma sossegada.
Mãe, pára um pouco. Dois minutinhos só. Sei que a ideia de parar não existe para você, mas eu tô pedindo. Baixa a frequência, senta no sofá, alguém cuida de todo o resto, vai por mim.
Eu sei que não importa quantos anos passem, você tem a eterna sensação de que é responsável por tudo. Pela sua vida, pela minha, pela dos que nos cercam, pelo seu trabalho, pelo meu trabalho, por tudo- inclusive o que está absolutamente fora do seu alcance.
Sei que não adianta eu te dizer que sou adulto, sei que você nunca vai aceitar a ideia de que já não está mais no comando.
Pois é, mãe. Mas o fato é que me flagrei adulto. Não só por causa do trabalho, das responsabilidades e cobranças. Me percebi adulto num certo dia perdido no passado. Dia em que engoli o choro para que você não visse. O dia em que disse em que estava tudo bem quando o peito estava cheio de fantasmas. O dia em que esperei você virar as costas para poder desmoronar.
Por quê? Porque eu sabia que, de um jeito ou de outro, as coisas se ajeitariam. E não ia ser através das suas mãos. Então, por que te preocupar? Por que te angustiar mais do que você já se angustia por conta própria?
Mãe, eu parei de depender da sua barriga, parei de depender do seu peito, parei de depender das mamadeiras quentinhas, parei de depender da ajuda no banho, parei de depender da sua carona.
Mas você nunca parou de se preocupar. Talvez se preocupe ainda mais agora, porque sabe que o voo é cada vez mais alto.
Você se lembra das centenas de vezes em que eu gritei “EU QUERO A MINHA MÃE!” quando era criança? Na verdade eu não queria. Eu precisava. Precisava do seu colo, do seu beijo na testa, do seu cafuné, do seu cheiro. Precisava, porque sem você não havia chão.
Hoje eu não preciso, mãe. Você já me ensinou a amarrar os sapatos, andar olhando pra frente, levantar das quedas, limpar as lágrimas, rir de mim mesmo e seguir em frente. Mais do que me ensinar, você foi o exemplo vivo disso.
Sério mãe, o mundo gira sem que você o empurre. E eu me viro sem que você perca o sono. Porque chegamos num ponto da vida em que eu perco o sono ao te ver sem dormir. Essa dinâmica já não faz mais sentido.
O famoso “eu quero a minha mãe!” é agora. Agora eu quero você. Mas quero você tranquila, ouvindo minhas histórias, mexendo no meu cabelo, rindo comigo, opinando, discordando. Não de peito apertado. Não suspirando pelos cantos achando que eu não vou encontrar o caminho certo. Eu vou. Você me deu o melhor mapa.
Aceite meu presente desse ano: uma relação de amor e de parceria, não mais de dependência, nem prática, nem emocional. Tanto minha quanto sua.
Meu presente, na verdade, é quase um pedido. Essa noite, mãe, deite a cabeça no travesseiro sabendo que está tudo bem. Que mesmo quando minha vida estiver dura, você não precisa ficar com os olhos arregalados, olhando para o teto buscando saída. Isso é comigo.
Você construiu uma pessoa com o que havia de melhor em você. Deu o que tinha e o que não tinha para me fazer feliz e sólido. E eu estou aqui, consciente da minha sorte e da minha força.
Olhe por mim, peça por mim, orgulhe-se de mim. Deixe-me ser de novo a luz dos seus olhos, como fui quando era um bebê sorridente. Não me iludo, achando que você vai parar de se preocupar. Sei que é impossível. Mas deixe-me hoje ser eu quem te abraça e te diz baixinho: está tudo certo.
*
*
♥ Com um beijo de feliz dia das mães às mães de sangue, mães de coração, mães que estão do outro lado das nuvens (mas sempre por perto), pais que também são mães e às tantas madrastas que são o avesso dos contos de fadas, que cuidam e amam pessoinhas que decidiram abraçar como suas.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Pobre menina, virou mulher.

Ser mulher em SP é sobreviver em selva de concreto.
A pequena menina vira mulher logo que menstrua.
Mal sabia, pobrezinha, que ser mulher
Além de uma dádiva é um fardo.
Ser mulher é mais do que uma condição física,
É algo social e cultural.
É quase como uma doutrina.
Ser mulher é viver com medo
De quebrar a unha,
De engordar,
De ser grosseira,
De ser verdadeira.
Ser mulher é ter medo de andar na rua,
Ter medo de um homem caminhando só,
Ter medo de amigos em mesa de bar.
Ser mulher é passar calor em pleno verão,
É não mostrar demais,
Sem mostrar de menos.
Ser mulher é ter diário,
Quarto rosa
E para as sortudas, um namorado.
Passatempo de mulher é costurar,
Obrigação mínima é cozinhar.
Limpeza é algo inato,
Sorrir querendo chorar é um hábito.
Mulher é um ser em equilíbrio mesmo em ruínas,
É ser feminina.
É sentir culpa mesmo sem ser culpada,
É entender mesmo sem ser entendida.
Ser mulher é não ser homem
E se apaixonar por um.
Parecer é mais importante do que ser,
Ter cintura fina é melhor do que qualquer pizza
E ter peito grande é sempre relevante.
Nunca se esqueça que ter sapatos tem que ser o seu pior vício,
Que álcool só aos domingos
E que cigarro não combina com cabelo lavado.
Ser mulher é ser devota à família,
Ser boa mãe, boa filha e boa tia.
Ser esposa carinhosa,
Calada
E boa amiga.
Ser mulher em SP é é sobreviver em selva de concreto.
Ser mulher em SP é ser mulher em qualquer parte.

– Clara Rocca

terça-feira, 7 de abril de 2015


"Já voltei, algumas vezes, com os ombros doloridos de carregar o peso de algo que eu mesma escolhi carregar, com os olhos cansados que testemunham o mesmo pôr do sol desesperado, com o coração calejado por sempre sentir igual. E de tudo, concluo que sou pessoa que não se desmancha em temporal, sou pessoa que, só se fortalece se permanece viva dentro das quatro estações do ano, sentindo a cor de cada uma relevar um segredo diferente. Concluo que, risco meu hoje no presente de forma intensa ainda que eu saiba de todos os riscos que isso possa trazer à margem dos meus sentimentos. Constato que fujo das regras e não vou nunca constar num relatório arrumadinho de ideias. Simplesmente deixo fluir minhas emergências sem deixar de priorizar minha paz. Não sou pessoa de aventuras, pois sou inteira demais pra isso. Aventuras precisam de gente pela metade e me perdoe, não tenho mais idade pra isso. Isso tudo é que me fere, pois tenho consciência do tanto que me foge olhos afora por não se conter só dentro de mim. Me fogem sonhos demais, tenho beijos demais guardados, e vida demais que lateja no cantinho da alma. Tenho a urgência mareada de quem navega pelas ondas da vida e busca a tranquilidade da terra firme sob os pés. Tenho marcas fiéis na pele que me deixaram um rastro de sabedoria e ainda assim, quando corro de mim, vou pelo mesmo caminho. Mas isso é ser livre, é saber-se tanto a ponto de se respeitar sempre. É escolher não viver de conceitos prontos, ainda que isso traga pranto. É ir e vir de dentro de si, quantas vezes necessárias forem para chover e tantas outras só para florir."
Lilian Vereza