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quarta-feira, 28 de março de 2012



O CAIR DA MÁSCARA

Continuo aqui
nos corredores do tempo,
não sucumbo
facilmente ao revés,
à maldade,
à mentira,
à traição.

Posso ficar sem palavras,
incrédulo
ou ausente de mim,
mas não há escuridão que me cegue.

Não vou falar do mar
onde já mergulhei as mágoas,
nem de ti
que me abriste o peito
com um gume fino.
Não vou falar dos teus olhos.
Não!
Esses olhos traíram-me,
roubaram-me as rimas
e os sons das manhãs,
rasgaram-me as veias
e o brilho das cores,
roubaram-me os lençóis
onde nunca nos deitámos.

Continuo aqui,
nos corredores do tempo,
porque o tempo é meu.
Aqui,
a tua sombra
não escurece mais as paredes.


Francisco Valverde Arsénio

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