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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Palhaços - Tere Penhabe

 
PALHAÇOS
Cleide Canton
(Inspirado no belíssimo poema "Palhaço", de Terê Penhabe)
 
 
Palhaços somos todos, minha amiga,
num mundo tão distante da harmonia,
que cada gesto acaba em covardia
naquele que o amor não mais mitiga.
 
Palhaços procurando em picadeiros,
aplausos, um abraço e até censuras
que possam derrotar as amarguras
dos anjos que já foram mensageiros.
 
Palhaços encolhidos e descrentes
dos sonhos rasurados pelo avesso,
tingidos de outras cores e sem preço,
expostos em vitrines transparentes.
 
Palhaços a bailar no próprio riso,
tecendo novas teias coloridas
em ramas que já nascem bipartidas
ao sol que também chora, circunciso.
 
Palhaços qu'inda fazem a alegria
em tempos onde o pranto é dominante,
regado a fogo e fel no peito amante,
imerso no matiz da nostalgia.
 
Palhaços no amanhã após o agora,
e depois, lá na praças do infinito,
segurando o clamor do próprio grito
a esconder que palhaço também chora.
 
SP, 29/05/2010
14:40 horas

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